domingo, 5 de outubro de 2008

algumas coisas.

Algumas coisas necessitam ser escritas somente para que possamos lembrar delas depois.

Assim, certas coisas que são ditas a pessoas quando na verdade estamos falando com nós mesmos.
Como na terapia de grupo, lembra? Escrever uma carta a si mesmo para ler nos momentos de crise. Nunca reli a minha. Não por falta de crises. Acho que nunca acreditei que acreditaria em mim mesma. Talvez por estar mentindo descaradamente. Ou não.

A verdade é que minha vida é torta, é bamba. Eu faço ela parecer bem melhor do que verdadeiramente é. Ou bem pior. Enfim, ela sempre parece diferente, talvez por eu tentar vê-la diferente, talvez por acreditar que ela possa ser.


Por que que a gente faz essas coisas? Atuar pela vida inteira.


Eu vacilo, eu sempre vacilo. Eu juro que eu tento não magoar ninguém, não decepcionar ninguém, mas eu nem sempre consigo.

Na verdade, eu sempre vacilo.


Eu queria ser mais fácil, eu queria ser mais direita. Muitas pessoas têm se afastado de mim. Eu sei que ando agindo diferente, eu sei que mudei um pouco, eu me afastei de muita coisa, sim. Talvez eu tenha me afastado um pouco de mim mesma, seja lá quem seja eu.


E eu também sei que essas coisas não se falam, mas eu, puta merda, eu só tento e tento, sei lá, alcançar algum, qualquer um, nível de insustentável felicidade.

Tem umas coisas que eu tenho que falar agora, se não nunca serão ditas.

Me desculpa.


Eu sei que você duvida e eu acho, eu espero, que você odeie isso tanto quanto eu. Você duvida de mim, eu duvido de mim. E eu fico infinitamente triste com isso. Provavelmente mais do que você imagina.

Eu sou insegura, mas você também não é? Não sei, tem certos defeitos meus que eu sempre pensei que, eu contava que você compreenderia. Não te repreendo por não compreender. Mas gostaria que tentasse.

Eu sou complicada. Pode não parecer, e talvez nem seja, mas eu penso que sou e isso me dá aval para ser. Não faz muito sentido, mas eu não consigo mudar isso. Enfim, eu sou complicada.

E eu tenho fobias. Não de aranhas, nem do escuro, nem de ratos ou de lugares fechados. Tenho fobia de pessoas. Tenho medo, muito medo de me importar com elas. Por que eu sei o quão complicadas elas podem ser, e, pior, eu sei o quão complicada eu posso ser. Então, eu tento não ser masoquista e acima de tudo tento não ser sádica. Mas isso é impossível em relacionamentos, e por isso eu tento simplesmente não participar deles. Eu tenho medo de relacionamentos. Tenho medo de responsabilidades.

Infelizmente nem sempre eu tenho controle disso.


Eu sei que o que eu te ofereço nem sempre é o bastante, e não quero nem devo cobrar nada, mas nem sempre o que você me oferece é o bastante também. Ainda assim, acima disso tudo, existe, eu não sei por que e honestamente às vezes eu desejo que não existisse esse desejo de estar ao teu lado. E de ter você ao meu.

Eu quero poder te oferecer mais. E eu prometo que vou tentar.

Eu sei que o que eu te ofereço é pouco, mas é o máximo que eu já ofereci a alguém. Nada pode mudar isso e eu não gostaria que parasse agora, principalmente desse jeito.


A gente.


Eu não agüento ver você como eu vi. E eu cansei de chorar aqui.


Rayza.


P.S: Ainda quero ver apocalypse now e ir pra minas. Ainda quero muito tentar. E você?



Hoje eu estava pensando no ônibus se realmente vale a pena acreditar em algo que nunca acreditou em mim, acho que eu devo ter alguma espécie de doença não identificável pra sofrer por coisas tão bestas. Lembrei me que uma vez, não sei ao certo, talvez em algum tempo perdido ou em outra vida, que eu tive medo, foram se 2 anos e meio em que não me lembro de sorrisos, abraços, arco íris e essas coisas...

Eu já carrego muitos pesos todos os dias, e talvez a carga aumente com o tempo, mas dúvidas não, eu não gosto de carregar dúvidas.

Hoje eu vi um amigo meu chorar, talvez tenha sido só isso.




Gosto mesmo horrores de você. Me deixa e me ajuda a gostar mais.