segunda-feira, 17 de novembro de 2008

um dia a mais.

a pessoa de sapatos vermelhos andando desengonçadamente abraçada a uma cpu, em pleno sol das dez horas, no meio do centro barulhento e senil, suava.
a tentativa de resolver alguns assuntos pendetes imaginada e planejada com entusiasmo falhou retumbantemente. a placa-mãe não funciona mais, problemas de hardware, picos de energia devido à tempestade, o endereço trocado, a encomenda perdida, tempo perdido, a saúde perdida, a menina perdida.
desoladamente fuma um cigarro na pracinha. pede fogo pro moço com alguns dentes grandes demais - talvez que compensem a ausência de outros, repara que ele fuma como darlan. sente saudades, um ímpeto de ligar pra casa e berrar ao telefone " mãe eu não estou pronta pra essa vida, vem me buscar, por favor, eu desisto" mas se sente muito velha pra algo do tipo. ou muito nova. ela nunca sabe ao certo mesmo.
vários velinhos amigáveis vão lhe apontando a direção até o posto de saúde - ela insiste em pedir informação aos idosos, são mais simpáticos e engraçadinhos, além de explicar a mesma coisa várias vezes e usarem chapéus. depois de andar um monte carregando a cpu e o peso de seu mundo inteiro nas costas, debaixo do sol e empapada de suor, finalmente chega ao posto de sáude. "O que você tem?" dor, seu moço, e febre.
moscas rondavam as cadeiras azuis de espera. desolação, caretas, joelhos ralados, catarro escorrendo, o lento ventilar do ventilador de teto marca a passagem do tempo parado. estagnado. perdido.
"rayyyza, onde você tá?" no limbo. "quando vc volta?" duas horas tenho que ir trabalhar. blábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblábláblá


odeio hospitais.

ando reclamando muito, como sempre acontece quando fico gripada.

aguentem.
ou não.

cof.

Um comentário:

Veriana Ribeiro disse...

adivinha? estou com dor de garganta desde ontem. e já prevejo a febre.


veriana